#WomenSpeak: A história da brasileira Rita Assis

Meu nome é Rita Assis. Sou madeireira de profissão há 38 anos. 


Sempre acreditei no papel dos sindicatos para moldar melhores condições de trabalho. Sendo assim, acompanhei as mobilizações e lutas em prol de melhorias para categoria.


Me tornei associada do Sindicato dos Oficiais Marceneiros de Sao José Dos Pinhais (SOMSJOP) em 29 de dezembro de 1994, trabalhando em madeireira. Em 1999, ocupei o cargo de Diretora Suplente, e em 2001, assumi como Secretária de Finanças. Atualmente, tenho a honra de ocupar a Presidência da entidade.


Sou esposa, mãe e avó. Trabalho fora para o sindicato e também cumpro com os afazeres domésticos. Finais de semana fico com minhas netas para os pais poderem trabalhar e cuidá-las. Meu passatempo favorito é passar tempo com minha família, ajudar para minhas netas com as tarefas escolares, leio livros, visitamos museus, lugares históricos e parques.


Os maiores desafios para as mulheres trabalhadoras sempre foram enfrentar a discriminação, o assédio moral e a relação capital e trabalho, pois a maioria dos empresários sempre buscam o lucro acima de tudo.


As mulheres são muito valiosas na cadeia de custódia do setor madeireiro. No entanto, nem sempre conseguimos ter os mesmos salários ou condições de trabalho que os homens. Meu desafio como trabalhadora e como dirigente sindical é conscientizar as mulheres do setor para que juntas lutemos por melhorias em nossa categoria, e para que lutemos para mudar essas realidades injustas.


O fardo das mulheres aumentou na época do COVID-19. Muitas perderam seus empregos, enquanto outras precisam conciliar o cuidado dos filhos com as responsabilidades profissionais. Essa realidade não é nova, mas foi agravada pela crise provocada pela pandemia. Hoje, este é um desafio muito importante que devemos enfrentar: eliminar a carga múltipla carregada pelas trabalhadoras para alcançar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.


A forma mais justa e eficiente de resolver esses desafios é que mais mulheres terem acesso, em igualdade de condições, a espaços de representação sindical. Obtendo um número maior de representatividade sindical, seremos capazes de posicionar as preocupações e necessidades das mulheres onde pertencem: nas discussões sindicais, nas negociações coletivas e nas campanhas nacionais.


Futuro Melhor


Um futuro melhor significa igualdade de gênero, prosperidade econômica, igualdade de acesso a serviços de saúde mental e distribuição de renda acessíveis a todos, especialmente para mulheres.  


Um mundo melhor significa trabalho decente e salário igual para mulheres, equipamento de proteção individual adequado para o nosso corpo, igualdade salarial e o reconhecimento da contribuição produtiva e reprodutiva inestimável das mulheres para a economia de nossos países.


Devido a pandemia, as mulheres foram as mais prejudicadas, afetando e muito a renda familiar, pois foram demitidas de seus empregos ou forçadas a renunciar para se dedicar quase exclusivamente aos seus filhos, pois a maioria das creches e escolas públicas interromperam suas atividades.


As mulheres devem se unir e cobrar dos governantes a criação de políticas de emprego que contribuam para inserção em postos de trabalho, e pela própria experiência vivida, cobrar a implantação de instituições de ensino e creches em período integral, possibilitando que as mulheres possam buscar seus postos de trabalho.   


*#WomenSpeak é um artigo mensal sobre questões e preocupações de gênero, de autoria de diferentes trabalhadoras afiliadas da ICM. Busca fornecer às trabalhadoras mais espaços e plataformas para expressar seus pensamentos e preocupações sobre uma variedade de questões que são importantes para elas como trabalhadoras e, mais especialmente, como mulheres.